Desejo que este espaço seja um local que você tenha prazer de participar, e que nossas trocas intelectuais, culturais, emocionais e espirituais resultem em acréscimo para todos nós.  A intenção deste blog também é de publicar algum artigo que você tenha produzido, para que todos aprendamos sobre os mais diversos temas. Enfim, que este seja um local
aconchegante para você.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A VIDA É CURTA

Gosto muito do estilo, conteúdo e criatividade dos textos da
escritora Matha Medeiros. Abaixo consta um artigo demonstativo
do seu inegável talento. Que vocês possam apreciar tanto quanto
eu gostei, é o meu desejo.
UM GRANDE 2011 A VOCÊS, MEUS ESTIMADOS AMIGOS.
OBRIGADA A CADA UM POR 2010! E QUE PROSSIGAMOS
JUNTOS...

Regina





Martha Medeiros

Amanhã (hoje) é Dia de Reis. Segundo a tradição, é quando
se deve desmontar a árvore de Natal, mas fico pensando se a
trabalheira não será à toa. O próximo Natal já se aproxima, não
seria mais conveniente deixar a árvore onde está, como um enfeite
vitalício da casa? O espaço entre dois Natais nunca foi tão curto.
Constatado o milagre da redução dos anos(antigamente eles possuíam
365 dias, mas desconfio de que somem hoje no máximo uns 274), o
melhor a fazer é desfrutar o tempo que nos resta.
Para começar, chega de seguir ao pé da letra as regras de bem
viver estabelecidas pela intelectualidade. Claro que a cultura é importante,
que não se deve desdenhar da sabedoria transmitida pelos filósofos, que a
inteligência é o valor maior. Mas basta desse monopólio: é chegada a hora
de valorizar também os instintos.
Se a palavra de ordem é produzir, produzir, produzir, responda com
uma boa soneca: durma depois do almoço. Assuma o espanhol que há em você:
siesta! Se não puder sair do escritório, tire um cochilo onde estiver,estique-se
em algum canto, durma no carro, dentro do banheiro, sentado numa cadeira.
Feche os olhos e desapareça por 20 minutos, mesmo que todos continuem vendo.
Você está indo bem na terapia, quase acredita que está se curando, ainda
que não tenha entendido exatamente do que deve se curar. Mas,sem que seu
digníssimo analista suspeite, reprise alguns dos seus erros de vez em quando.
Recaia. Sucumba. Vai atrasar o tratamento? Vai. Mas, logo, logo, é Natal,
jingle bell, paz na terra, estão todos perdoados por terem reincidido em seus
pequenos e deliciosos crimes contra si mesmo.
Se dirigir, não beba.Se costuma ficar violento, não beba. Se é do tipo
que dá vexame, não beba. Se tem um histórico de alcoolismo, não beba. Mas se
não for colocar ninguém em risco, muito menos a si próprio, celebre. Tim-tim!
E se é verdade que dentro do mais chique dos mortais há um brega enrustido
que não vê a hora de se manifestar, eis o momento. Abuse do Roberto Carlos, cante
no chuveiro, leia um best-seller daqueles que fazem seus amigos torcerem o nariz e
enfeite seu drinque colocando nele uma sombrinha de papel colorido.
A sombrinha do coquetel é o símbolo máximo do " estou nem aí para o que irão
pensar, sempre quis me sentir num lual havaiano ". Pode ser uma sombrinha metafórica,
desde que simbolize seu estado de espírito, que faça parte do plano de desestressar
e curtir a seu modo o restinho de ano que sobra. Estamos em janeiro, o inverno é amanhã
e o Natal não demora. Contra-ataque com a sombrinha.

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