Desejo que este espaço seja um local que você tenha prazer de participar, e que nossas trocas intelectuais, culturais, emocionais e espirituais resultem em acréscimo para todos nós.  A intenção deste blog também é de publicar algum artigo que você tenha produzido, para que todos aprendamos sobre os mais diversos temas. Enfim, que este seja um local
aconchegante para você.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natal

Regina Medeiros Fabrício

Meus queridos amigos

Nós sabemos que esta história de presentes de Natal tem a ver
com o fato do nascimento de Jesus ter sido o grande presente de Deus para nós.
Em João 3:16 está escrito que Deus nos amou de tal maneira que deu o Seu Filho
Unigênito para que todo aquele que Nele crer não pereça, mas tenha a vida
eterna.
Então é um presente que, através da nossa fé, pode gerar Vida (Vida
eterna). Não conheço qualquer outro presente com esta possibilidade. Mas o que
eu queria comentar é sobre os presentes que deram a Jesus quando Ele nasceu
aqui entre nós. Lembram-se da visita dos magos (que foram adorar Jesus?).
Levaram ouro, incenso e mirra. Talvez a gente deveria dar algo parecido, e isso, no meu entender, poderia estar numa intimidade com Cristo verdadeiramente voltada para adorar o Pai.

OURO - Um produto valioso, que se dá para um Rei. O que é de mais precioso que
você tem?? (seu tempo, seu dinheiro, sua saúde, sua família??)

INCENSO - No Templo o incenso, produto caro, era queimado continuamente perante
Deus, sinal da comunhão com Ele e uma representação do arrependimento,
confissão e perdão dos pecados. O que seria na prática para nós hoje em dia
“queimar incenso” diariamente diante Dele, de manhã e à tarde? Permanecer
ligados a Ele, depender, reconhecer nossas falhas pedindo ajuda e perdão para
uma transformação também diária.... e por aí a fora....

MIRRA - uma goma odorífera muito cara que estava entre os melhores produtos
daquela época. Era um ingrediente do óleo da santa unção dos sacerdotes. Foi
um dos presentes ao nascimento, foi oferecida com bebida na cruz e foi uma das
especiarias usadas por ocasião do seu sepultamento Junto com a adoração, os magos deram o que tinham de melhor e mais valioso.

Então desejo que você aproveite o Natal para pensar sobre os presentes. Tanto no
que Deus nos deu (que depende da nossa fé para poder nos dar Vida Eterna), e também no que você poderia dar em troca!!!! Um excelente 2011!!!!
Um beijo e um grande abraço!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Padre

Escrevi o texto abaixo em 27/12/2007, em homenagem
a meu dileto amigo Tarcísio de Nadal.
Agora, decorridos quase três anos, ele nos deixa e parte para
estar ainda mais próximo do Pai.
Penso que ficamos todos nós como que órfãos,
mas, em contrapartida, herdamos dele um aprendizado
de amor, sabedoria e abertura sobre a arte do perdão.
A alegria que permanece é a lembrança dos ricos diálogos
e profundidade das idéias, bem como, aconchego na espiritualidade
enraizada na riqueza da pessoa e do tesouro do coração de Cristo.
Pelo Nome Deste sabemos agora que Tarcísio já vê a Deus
face a Face.
Obrigada por tudo, Tarcísio.


Regina Medeiros Fabrício

Ela o conheceu numa missa da faculdade.
Já ouvira falar dele, mas somente agora ouvia a sua voz calma.
Olha para a imponência da sua altura como na visão idealizada de uma adolescente.
Crê piamente que ele tem as respostas para calar a infinidade das suas interrogações.
Se assim o fizesse, o admiraria menos.
Ele prefere o embate filosófico, crítico, questionador, e aumentar o rol das perguntas que não tem fim.
Uma resposta do que pensa é sempre um caminho de reticiências.
Isso evoca nela a urgência de encontros mais frequentes. Agora têm a companhia questionadora que no percurso, religioso ou não, sempre procurou.
É " a busca tateante do homem ", como ele escreve.
A procura é infindável, eterna.
Espiritualidade que tem sede contínua,
e ele responde :
" Bebereis das fontes ".
Sua alma se aquieta com o conselho voltado para a profundeza e magnitude da oração.Buscar Deus,
Nele se aninhar.
Sossego, sossego para a alma interrogante
da vida em abundância que foi prometida.
Está bem!Se não tens as respostas e ainda assim teu olhar não se perturba. Segue sendo verde, translúcido e calmo, e eu vejo nele um túnel de ironia,
estarei enganada ?
Cuida, daqui a pouco vou litigar contigo.
Já sei, não és Deus, nem semideus,
és homem como eu,
guerreiro em vigília permanente
no despertar do dia
ou no silêncio da noite,
junta-te a mim, o céu sempre é a testemunha muda
respondendo teimosamente com mais mistérios
se é ou não o nosso aliado
seja na alegria ou na tristeza.
Quero a tua parceria.Vem.
Se não tens as respostas, vem,
beija a minha mão.
Eu sou a papisa,vamos juntos beijar as asas dos anjos.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O NATAL DO ENCONTRO INESQUECÍVEL

Regina M. Medeiros Fabrício

Naquela tarde de quinta-feira, 24 de dezembro de 2009, fui até o cemitério
levar flores para a minha mãe. Pensava nela e no amado da minha alma, sentindo
muita saudade de ambos e recordando os Natais compartilhados outrora.

Estava, portanto, muito triste quando inicia algo que contando, parece surreal.
Chega ao meu lado um senhor, funcionário da limpeza do Cemitério Sta Casa , com vassoura e pá.
_ Quem tens aí, filha?

_ Minha mãe...ela morreu em 2007, e agora eu não tenho mais o meu amor,
que foi meu noivo, e faleceu em julho, há 5 meses.
Ele sempre colhia flores aqui, enquanto eu falava com a minha mãe.

_ Aquele rapaz que vinha junto?! Mas....olha só, quando que se vai imaginar...
eu via vocês aqui, sempre juntos. Faz o seguinte, de noite, reza o terço, na cama, quando fores dormir.
Olha, minha filha, ontem, dia 23, fez 17 anos que eu perdi minha esposa,
ela me deixou com filhos pequenos, criei todos sozinho e agora até já me deram netos..

_ Ah, é mesmo, e quantos netos o senhor tem?
_ Seis.
_ E o senhor casou de novo?
_ Não, não quis casar, não quis ter compromisso, mas...sabe como é, né? (dando a entender que, às vezes, namora)

Esse senhor foi me distraindo, e conversando de um modo tão querido e manso,
que fui secando meu rosto das lágrimas num lenço.

_ Quando vieres aqui, me procura, meu nome é José.

Respondi: José é um nome de origem hebraica, e significa "Aquele que acrescenta".

_ Pois é, e ele era marceneiro, né? _ disse isso sorrindo, com a barba branca, e quando tira o boné diz que tem 63 anos. A cabeça, descoberta, mostra os cabelos brancos também. O rosto, bem redondo, era sorridente. Me pareceu bem emblemática a fisionomia dele, numa época de Natal...

_ Deve ser difícil trabalhar num lugar assim, onde se vê tanta tristeza.

_ Olha minha filha, é como num hospital, um dia um paciente tá ali, no outro dia já é outro.
Difícil para mim é quando é com criança.

_ Sim, como morrer um dia é certo, com adultos sabemos que é o tempo de cada um que vai passando, mas com criança realmente é mais sofrido, inesperado para as famílias.

_ É sim, é sim. Sabe, filha, eu trabalho aqui há muitos anos. Até já saí no jornal seis vezes!

_ Ah, é? Então o senhor está famoso!

_ Sei até bancar o Papai Noel, quer ver?

"Tá tristinha, minha filhinha, toma aqui, toma uma balinha".
(Aí passa para outra fala):
Também sei fazer: "HO HO HO"(balança o corpo e eu me vejo rindo)
e sei ainda dizer: "Vem cá, senta aqui, me conta como foi que você se comportou este ano..."

A essas alturas eu estava leve, rindo, e me dei conta que eu estava falando com o próprio
Papai Noel, em pleno cemitério, vazio nesse dia de uma tarde muito quente de Natal.
Ou, quem sabe, com um anjo?
Talvez, até mesmo, Deus.

Nos despedimos, eu me sentindo agraciada pelo céu, com a alma leve, leve...
Disse para ele: _Seu José, o senhor não sabe o quanto me "acrescentou"!
Ele, enquanto voltava pelo corredor para continuar seu trabalho, repetia:
_Tchau, mimosinha, tchau, mimosinha, não me leva a mal de te chamar assim,
é que eu gostei de ti, viu, e foi de bom coração!

Eu caminhava, sorria, abanava, me despedia.
"Deus, isso foi surreal, eu vivi, e foi maravilhoso!! " Pensava nisso enquanto caminhava, e olhando o relógio vi que haviam-se passado 26 minutos lá dentro.

Eu estive com o bom velhinho, e o velhinho bom , numa atitude terapêutica,
me aliviou o coração.
Mal ele sabe que eu sempre acreditei que Papai Noel existe, teime alguém em dizer prá mim que não!

(Tudo o que escrevi aqui não foi uma criação literária, me aconteceu na tarde de Natal
de 2009, e tornou-se inesquecível).
FELIZ NATAL!

A menina, o Papai Noel e a noite mágica de Natal

“Papai Noel chegou!", anuncia alguém.
Corre pela rua a menina feliz para alcançá-lo o quanto antes. Quer compensar o tempo da expectativa da espera. Olha-o encantada, corre e corre ao seu encontro.
Os cabelos morenos cacheados, soltos ao vento, balançam ritmados. Juntam-se a ela outros pequenos em bandos, e ela permanece sendo a mais veloz.

Papai Noel sente-se rejuvenescido no seu cansaço vendo a alegria da menina sorridente que se aproxima cada vez mais. Vem exultante, já o alcança. O abraço que o envolve é grande e tão apertado quanto conseguem seus braços aos quatro anos de idade. Os olhos fechados para eternizar na memória o momento, as pálpebras maquiladas com a sombra brilhante que passara com o cuidado da vaidade feminina e infantil.

Conta ele mais tarde estar “chegando da Sibéria", e que ter visto aquela criança em especial convidando-o para entrar na sua casa deu “muito mais significado à sua vinda". Ele entendeu a dimensão da visita quando, no pátio da residência iluminada e decorada, viu a mesa que ela preparou na casa de bonecas, onde aquela menina recebe personagens encantados dos seus castelos de príncipes e princesas.

O tempo corre no relógio, marcando o riso daquelas horas. Na alma dos adultos a viagem de cada um nas lembranças dos Natais da infância preparados com tanto zelo e amor por seus pais. Hoje eles repassam a seus filhos a herança recebida sobre uma noite de encanto.

As crianças abrem com pressa os embrulhos dos presentes, o sorriso aberto pelo desejo atendido.

A chuva aguardou o tempo certo para refrescar a noite. Veio a ceia de confraternização. No coração de todos a oração consagrada aos seus amores, qual seja, graça recebida do alto, lá onde cintila a estrela mais importante, porque faz parte da história desta família que está reunida.

Papai Noel se despede. Beija a menina.
Ela pergunta para a tia:
-"Meus olhos estão lindos?", fechando-os para mostrar a sombra luminosa adornada pelos cílios longos, fartos e curvos.
Respondo:
-“Sim, estão maravilhosos.”
Ela me olha com um brilho sem igual no olhar, e nele cintilou a estrela brilhante que ensinou a ser o Natal tão mágico, feliz e encantado.

A menina dormiu o sono doce, com o sorriso nos lábios que têm todos os inocentes.

Regina Fabrício

O Natal da Branca de Neve

Aquela menina de imensos olhos – e de um quieto e manso olhar - perdeu a quietude quando chegou o Papai Noel.

Todos lhe falaram, em contos de Natal, que ele é um bom velhinho. Mas ela tem só dois anos e, pelo certo, pelo errado, foi para o colo seguro que é o pai que lhe pode dar.

Papai Noel, roupa vermelha, barba branca, com sua voz rouca dizendo “ho,ho,ho", é tudo que consegue vislumbrar.
Como saber se é bom esse velhinho?
Ele estende tantos presentes bonitos que seu coração desejava, vai ver que é bom esse senhor.

Os primos maiores parecem com ele tão à vontade, talvez assim também possa se sentir.

O tio querido lhe pega no colo. A voz grave traz para ela a poesia dos contos de fadas.
Nos seus braços está tão segura que arrisca um beijo na bochecha enrugada do Papai Noel.

Diante dos presentes está tão fascinado o seu olhar que é perceptível o encantamento que tem esta noite, tão diferente, por algum motivo, de todas as outras.

Ela parece a Branca de Neve… tez tão branca, cabelo tão moreno.
Todos que a rodeiam são tão altos… onde estão os sete anões ?

Tão faceira acompanha a brincadeira dos primos maiores, é “a pequena".
Corre, rindo, atrás de todos eles, para a casa do vizinho. Por que será que eles correm para lá?
O caminho tem enfeites com luzes e fitas, será que é para saber por onde voltar? Já lhe contaram sobre isso na história do Joãozinho e Maria e a vó também fazia assim para ensinar às crianças como encontrar os ninhos de Páscoa. Parece um mundo encantado.

Riso permanente, vestido branco de laços e flores cor de rosa, mais parece uma princesa.
Não traz alvoroço à festa, mas marca de forma tão definitiva sua presença que, à sua passagem, é como se entrasse uma Rainha .
Tem tal magnetismo sua presença que dela não consegue se desprender nosso olhar.
Seus olhos nos interrogam com uma urgência de perguntas, respondidas com sorrisos e caretas que gosta de imitar. Fita com seus grandes olhos castanhos cada presente que vislumbra que, quietinha, responde só sorrindo para os rostos conhecidos que desejam perceber se está feliz.

Nos braços amorosos da tia que a abraça com tanto carinho e aconchego, que enfeitou a casa para o Natal com tanta fantasia e encantamento, parece dizer, no coração quieto e também repleto de emoções:


“Natal é uma coisa tão boa
Adoro Papai Noel.
Essa música é tão bonita
que agora eu vou dançar.”


Regina Fabrício

terça-feira, 14 de dezembro de 2010




A todos os nossos amigos colorados,
à Presidência e Direção do Sport Club Internacional,
aos profissionais que demonstraram seu valor tendo chegado à competição
em ABU DHABI,
e em especial ao meu pai, Newton Furtado Fabrício

" Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida e viver com paixão,
perder com classe e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é muito para ser insignificante".

CHAPLIN


Regina Fabrício
Psicóloga das Categorias de Base do Inter

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

EU AJUDEI A DESTRUIR O RIO!

Fonte: Jornal de Brasília

Sylvio Guedes, editor-chefe do Jornal de Brasília, critica o "cinismo"
...dos jornalistas, artistas e intelectuais ao defenderem o fim do poder
paralelo dos chefes do tráfico de drogas. Guedes desafia a todos que
"tanto se drogaram nas últimas décadas que venham a público assumir:
eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro".

Leia o artigo na íntegra:

É irônico que a classe artística e a categoria dos jornalistas estejam
agora na, por assim dizer, vanguarda da atual campanha contra a
violência enfrentada pelo Rio de Janeiro. Essa postura é produto do
absoluto cinismo de muitas das pessoas e instituições que vemos
participando de atos, fazendo declarações e defendendo o fim do poder
paralelo dos chefões do tráfico de drogas.

Quando a cocaína começou a se infiltrar de fato no Rio de Janeiro, lá
pelo fim da década de 70, entrou pela porta da frente. Pela classe
média, pelas festinhas de embalo da Zona Sul, pelas danceterias, pelos
barzinhos de Ipanema e Leblon. Invadiu e se instalou nas redações de
jornais e nas emissoras de TV, sob o silêncio comprometedor de suas
chefias e diretorias.

Quanto mais glamuroso o ambiente, quanto mais supostamente
intelectualizado o grupo, mais você podia encontrar gente cheirando
carreiras e carreiras do pó branco. Em uma espúria relação de
cumplicidade, imprensa e classe artística (que tanto se orgulham de
serem, ambas, formadoras de opinião) de fato contribuíram enormemente
para que o consumo das drogas, em especial da cocaína, se disseminasse
no seio da sociedade carioca - e brasileira, por extensão. Achavam o
máximo; era, como se costumava dizer, um barato.

Festa sem cocaína era festa careta. As pessoas curtiam a comodidade
proporcionada pelos fornecedores: entregavam a droga em casa, sem a
necessidade de inconvenientes viagens ao decaído mundo dos morros,
vizinhos aos edifícios ricos do asfalto.

Nem é preciso detalhar como essa simples relação econômica de mercado
terminou. Onde há demanda, deve haver a necessária oferta. E assim,
com tanta gente endinheirada disposta a cheirar ou injetar sua dose
diária de cocaína, os pés-de-chinelo das favelas viraram barões das
drogas.

Há farta literatura mostrando como as conexões dos meliantes
rastacuera, que só fumavam um baseado aqui e acolá, se tornaram
senhores de um império, tomaram de assalto a mais linda cidade do país
e agora cortam cabeças de quem ousa lhes cruzar o caminho e as exibem
em bandejas, certos da impunidade.

Qualquer mentecapto sabe que não pode persistir um sistema jurídico em
que é proibida e reprimida a produção e venda da droga, porém seu
consumo é, digamos assim, tolerado. São doentes os que consomem. Não
sabem o que fazem. Não têm controle sobre seus atos. Destroem
famílias, arrasam lares, destroçam futuros.

Que a mídia, os artistas e os intelectuais que tanto se drogaram nas
três últimas décadas venham a público assumir:

"Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro."
Façam um adesivo e preguem no vidro de seus Audis, BMWs e Mercedes.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mulher Maravilha

Martha Medeiros - Jornalista e escritora




'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!

E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Primeiro: a dizer NÃO.

Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.

Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.

Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora.

Você é, humildemente, uma mulher.

E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.

Tempo para fazer nada.

Tempo para fazer tudo.

Tempo para dançar sozinha na sala.

Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.

Tempo para sumir dois dias com seu amor.

Três dias.

Cinco dias!

Tempo para uma massagem.

Tempo para ver a novela.

Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

Tempo para fazer um trabalho voluntário.

Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.

Tempo para conhecer outras pessoas.

Voltar a estudar.

Para engravidar.

Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.

Existir, a que será que se destina?

Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!

Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'


REPASSEM PARA TODAS AS MULHERES MARAVILHOSAS QUE TRABALHAM, QUE BATALHAM, QUE LUTAM PARA SER FELIZ

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

BI CAMPEÃO DA LIBERTADORES



INTER, TE AMO!

Regina M. Fabrício - Psicóloga das Categorias de Base do Sport Club Internacional

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Solidão contente

O que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas -

Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com alguma incompreensão. Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.

Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente – e mora sozinha. Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas. “Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.

Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor. Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.

Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre. A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.

A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói. Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?

A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior – com apoio da publicidade. Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a economia não anda. Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.

Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer. Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha. Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.

Ivan Martins, jornalista (Época)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

sexta-feira, 2 de julho de 2010

EXPERIÊNCIA

" O texto abaixo foi-me enviado por um dileto amigo,
José Antônio Lague que, assim como minha amada Fabi,
deixam saudades por morarem longe."

Redação escrita por um candidato à vaga na Empresa Volkswagen

No processo de seleção da Volkswagen do Brasil, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta:
'Você tem experiência'?
A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos.
Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e ele com certeza será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.

REDAÇÃO VENCEDORA

Já fiz cosquinha na minha irmã pra ela parar de chorar.
Já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto.
Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo. Já confundi Sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro,
Já me cortei fazendo a barba apressado, já chorei ouvindo música no ônibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer. Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas...
Já subi em árvore pra roubar fruta. Já caí da escada de bunda..
Já fiz juras eternas.
Já escrevi no muro da escola.
Já chorei sentado no chão do banheiro,
Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando. Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado.
Já me joguei na piscina sem vontade de voltar.
Já bebi uísque até sentir dormente os meus lábios.
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar. Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso.
Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua. Já gritei de felicidade.
Já roubei rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um 'para sempre' pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol. Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração.
E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:'Qual sua experiência?'. Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência...experiência...Será que ser 'plantador de sorrisos' é uma boa experiência?
Sonhos!!! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!
Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta:
Experiência? 'Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?'.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O futebol e os brasileiros

Bruno Fabrício Cruz

É em época de Copa do Mundo, quando o Brasil se veste de verde e amarelo para torcer por sua Seleção, que percebemos as sutis diferenças entre os povos de cada país, e como o brasileiro é uma gente diferenciada. O nosso futebol expressa a própria personalidade de nossa população. A habilidade de Robinho e Kaká com a bola demonstra a mesma destreza com que sobrevivemos em um Estado com políticos desonestos, falência da saúde pública, alta criminalidade, etc.

O brasileiro, apesar de todos os problemas que o acometem, de fato, não desiste nunca. E isso porque os desafios servem para serem superados. Nossa gente é criativa, batalhadora, auspiciosa, em sua maioria. Possuímos uma visão de vida diferente dos demais países. Perto de nós, alguns povos são quase ingênuos, inocentes, e isso se reflete no futebol.

Romário deixou os adversários tontos em 1994, com suas jogadas rápidas e eficientes, quando conquistamos o tetracampeonato mundial. Igualmente Ronaldo, em 2002, com o penta, principalmente na final, quando derrotou o inabalável goleiro da Alemanha com dois lindos gols. O fantástico Pelé, nas Copas de 1958, 62 e 70, driblando os jogadores das outras equipes como se estes fossem amadores em campo. Esses craques da bola vieram de baixo, eram pobres, mas tinham características excepcionais. Sobressaíram no futebol e ascenderam para uma condição econômica almejada por muitos. Eles são, com certeza, os nossos heróis. Exemplos de que a situação quando do nascimento não determina o destino de ninguém. Não eram soldados, mas lutaram em uma espécie de guerra. Assim como a Copa do Mundo é um conflito simulado de nações.

Tenho que o futebol é uma distração, um esporte para entreter as massas, como as lutas de gladiadores na Roma antiga. Porém, diferentemente daqueles guerreiros, no futebol toda a nação está torcendo por aqueles jogadores de uniforme canarinho, que, efetivamente, estão representando a pátria. No campeonato mundial, o torcedor não está comemorando os problemas sociais do Brasil. Está, sim, celebrando a vontade de vencer de nosso sofrido povo. As coisas boas que o Brasil possui – com efeito, temos muitas. E aqui está a íntima relação do brasileiro com a sua Seleção. Mesmo para aqueles que não acompanham o futebol, a respeitada camisa amarela sempre será sua identificação em qualquer lugar do mundo.

Os demais povos sentem simpatia pelo brasileiro, seja na Itália, no Canadá, ou no Afeganistão. Em todos os lugares do planeta, a primeira coisa que sempre ouvimos é: Pelé, Ronaldinho, Kaká. E isso não é motivo de vergonha, pelo contrário, devemos ter orgulho de nosso talento em campo, a marca do carisma de nosso povo. Precisamos do futebol, é o nosso incentivo para trabalhar a cada dia e, para muitos, a única alegria. Coitados daqueles países que não possuem uma seleção como a nossa.

É por isso que nesta Copa do Mundo, mesmo não entendendo muito desse esporte e não gostando da escalação do Dunga, vou torcer entusiasmado pela Seleção Brasileira.

domingo, 13 de junho de 2010

Lucidez do Pastor

Excelente reflexão!!!


O jovem Pastor Ed René Kivitz lançando um de seus livros

Parece mentira, mas foi verdade. No dia 1°/Abr/2010, o elenco do Santos atual campeão paulista de futebol foi a uma instituição que abriga trinta e quatro pessoas. O objetivo era distribuir ovos de Páscoa para crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral.

Ocorreu que boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou.

Entre estes, Robinho (26a), Neymar (18a), Ganso (21a), Fábio Costa (32a), Durval (29a), Léo
(24a), Marquinhos (28a) e André (19a) – todos ídolos super-aguardados.

O motivo teria sido religioso: a instituição era o Lar Espírita Mensageiros da Luz, de Santos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral

Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da ação de caridade. Posteriormente, o Santos informou que os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram.

Dentro da instituição, os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos, entre eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a), Pará (24a) e Wesley (22a), que conversaram e brincaram com as crianças.

Eis que o escritor, conferencista e Pastor (com Pmaiúsculo) ED RENÉ KIVITZ, da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise profunda sobre o ocorrido e escreveu o texto "No Brasil, futebol é religião", que abaixo tenho o prazer de compartilhar.
____________ _________ _________ _________
No Brasil, futebol é religião por Ed Rene Kivitz

Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa.
Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé.
A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.

Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo; ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a
intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai.
E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.

Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio
de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz.
Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de
superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.

Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental.

Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico, e santista desde pequenininho


OBS: Na refilmagem do Voo da Fênix, 2004, com Dennis Quaid, num diálogo diante de tão conflitante decisão, um dos membros do grupo já resumia tudo isto na frase " a religião afasta e desune as pessoas, ..."

segunda-feira, 19 de abril de 2010

COMO VIVER A VIDA, SEGUNDO A GLOBO

È fato: as novelas da Globo e seus programas de grande audiência continuam ditando normas, valores e costumes. Volta e meia ouvimos alguém soltar famosos bordões como “hare baba”, “tô certo ou tô errado?”, “né brinquedo não”, “ishalá”, e outros consagrados pelos folhetins globais.
Antes que alguém levante a mão para perguntar, esse texto tem, sim, muito a ver com Administração. Qualquer evento que influencie, direta ou indiretamente, o nosso comportamento é extremamente importante para a forma como conduzimos os nossos negócios. Não é à toa que os grandes anunciantes disputam a peso de ouro o horário nobre da televisão brasileira – bem como os próprios atores. Da mesma forma, as grifes (re)direcionam suas coleções aos estilos exibidos pelas belas e influentes atrizes das novelas, mesmo que essas se passem em lugares exóticos como Índia e Marrocos, ou genuinamente brasileiros como Barretos, Rio e São Paulo. Até pouco tempo atrás, muitas moças estavam usando parte do sutiã à mostra, para imitar o modelito de Norminha, a simpática – e faceira – personagem interpretada recentemente por Dira Paes. Novelas ditam modas e, como administradores, devemos estar atentos.
Espanta-me essa última, que traz o curioso título de “Viver a Vida”. Apesar de apresentar depoimentos emocionantes de pessoas reais que superaram grandes problemas no final dos episódios, Viver a Vida dá um show de deturpação de valores do começo ao fim de cada capítulo.
Normalmente, as obras de ficção dividem claramente as pessoas entre boas e más, o certo e o errado são evidentes, e nos colocamos a torcer pelo sucesso do protagonista e o castigo dos vilões, como o fizemos em A Favorita, com o duelo entre Donatela e Flora.
Na novela de Manoel Carlos, esse dualismo não existe. Com a desculpa de aproximar seus personagens da realidade, o autor lhes confere virtudes e defeitos. Entretanto, paira um ar de normalidade sobre todas as safadezas cometidas pelos personagens, que eu chego a me perguntar o que ele quer dizer, realmente, com “viver a vida”.
Viver a Vida é uma novela onde praticamente todos os personagens enganam uns aos outros. O marido trai a esposa com a prima dela, a esposa trai o marido com o cara da academia, o outro troca a companheira de uma vida inteira por uma modelo 30 anos mais jovem , que agora já vive um affair com o sujeito que conheceu no meio do deserto (que corre o risco de ser filho de seu próprio marido), irmãos (gêmeos!) disputam a mesma garota… ufa! E tem muito mais, mas não quero tirar a paciência do leitor com essas picuinhas.
Onde mora o perigo?
Diversos estudos, em especial os conduzidos pelo Prof. Robert B. Cialdini, da Arizona State University, demonstram que temos uma grande tendência a fazer o que a maioria faz – mesmo que seja um comportamento socialmente indesejável. Segundo Cialdini, somos naturalmente maria-vai-com-as-outras*.
Manoel Carlos gasta o seu latim para provar que trair é algo normal, que todo mundo trai todo mundo e não há nada reprovável nisso. Pelo contrário: é até algo bonito, poético. As puladas de cerca ocorrem sempre com o belíssimo pano de fundo da cidade maravilhosa ao entardecer, do alto de uma asa delta, ou nas areias paradisíacas de Búzios, ao som de uma belíssima trilha sonora. Sei lá, sei lá…
Há algum tempo, havia em minha cidade um jornalzinho que circulava entre os colégios, cuja maior atração eram os recadinhos que os alunos postavam uns para os outros. Depois que Aline Moraes interpretou uma jovem lésbica em uma novela, houve uma explosão de recados (românticos) de garotas para garotas. Não estou fazendo juízo de valor no que diz respeito às escolhas sexuais de ninguém. Entretanto, desconfio que muitos desses recados não tinham nada a ver com a sexualidade dessas garotas. Elas apenas queriam ser a Aline Moraes… Imagino que, se a personagem da bela atriz fosse interpretada por Regina Casé, o efeito no jornal teria sido nulo ou completamente inverso.
Mesmo sabendo que o comportamento é uma potente fonte de influência social, geralmente as pessoas que participam de estudos de psicologia social dizem com veemência que o comportamento alheio não influencia o seu próprio. Você aí do outro lado também deve estar dizendo que isso é uma grande besteira, que você não é influenciado por novelas, nem por ninguém. Beleza. Mas, com certeza, você conhece um monte de gente que adora seguir a maioria.
O perigo está na mensagem, repetida diariamente à exaustão, justamente no horário em que a maioria dos televisores sintoniza a rede do plim-plim. Muita gente assimila o comportamento dos personagens como adequado, moderno e normal. A novela de Manoel Carlos é a receita para o fracasso de uma sociedade que tem (ou já teve?) na família o seu mais firme alicerce. Viver a vida, de verdade, é muito mais do que isso. Tô certo ou tô errado?

Fonte: Revista Você S/A -http://vocesa.abril.com.br/blog/leandro/2010/01/20/como-viver-a-vida-segundo-a-globo/

Por Leandro Vieira

quinta-feira, 8 de abril de 2010

UM DEPOIMENTO SOBRE LUTO

Breve Histórico

Nossa mãe, Maria Carmem , apresentou os primeiros sintomas de uma doença neurológica degenerativa em 1999. De 2001 em diante permaneceu acamada, com perdas significativas de suas capacidades num processo de enfermidade longo e penoso , tanto para ela quanto para os que a amavam, e era muito fácil amá-la. Ela era uma pessoa tão bacana que fica difícil de descrever . Sua fé no Salvador a fez uma pessoa tão diferente, que revelava algo que transcendia tudo e isso foi o amor que soube comunicar .Foi necessário aprender deixá-la partir .



A despeito da sua fragilidade soube ser força e fortaleza para enfrentar tanto a vida como a morte , ambas de frente , num sorriso maroto e único .

Somos os agraciados de Deus por sermos seus filhos, e agora, entre irmãos , compartilhamos tão doces lembranças a respeito de uma mãe simplesmente encantadora.

Obrigada a Deus que no-la deu , e por abrigá-la agora junto a Si, num lugar onde não existe dor nem sofrimento .Obrigada ao CPPC e aos amigos pelo carinho e terno abraço que têm nos dado, expressão do Espírito Santo , nosso Consolador.



( o texto abaixo foi escrito 32 dias antes de sua morte )



SAUDADE





Amada mãezinha:



A despedida é longa , sofrida...
mas tudo ficará sereno depois da partida.
O coração despedaçado porque já não estás na janela acenando antes da escola ,
nem há o beijo na face quando do encontro.
Hoje já nem abres os olhos ,
nem vês teus filhos ao teu redor...
a alma tocada pela saudade,
e certos do teu grande e imerecido amor por todos nós.
Tudo é tão cheio de lembranças...
do teu beijo fiel de boa noite que acalmava o temor dos fantasmas
no imaginário infantil.
O aroma da refeição preparada com tanto talento e zelo...
e o colo quente e perfumado no aconchego do teu seio...
que nos serenava as lágrimas seja qual fosse a causa da dor ,
algumas vezes não física, mas por origem o desamor de uma paixão.
Teu sorriso radiante repleto de ternura
e tua inabalável fé...
Foste tu que nos ensinaste o Caminho do amor , da Verdade e da Vida
e a balbuciar o doce nome de Jesus.
Contigo aprendemos a juntar as mãos de pequenos na prece ,
...e a sermos agradecidos.
Não por acaso foi num dia de Corpus Christi que te entregaste mais a Ele...
Ele te chamando e tu indo...
e foi do mesmo modo no dia Internacional da Mulher.
A cada vez te abandonas mais e mais...
e deixas conosco as recordações dos presentes sem data especial ofertados com tanto carinho
e das festas de aniversário decoradas com heróis e castelos de princesas
que preparavas com tanto empenho para vivenciarmos a magia
como era também no Natal com a árvore tocando o teto
e na Páscoa " a marca das patinhas do coelho "
para seguirmos até os ninhos na trilha do chão .
A bondade nas tuas formosas mãos preparando o remédio
e os curativos resultados das brincadeiras de crianças.
És como um poema, uma canção, e o significado do teu nome é
VINHEDO DO SENHOR.
Sempre foste uma mulher tão grande e à frente do teu tempo...
alegre , divertida , generosa ,
livre como os passarinhos que alimentavas todos os dias na janela...
cheia de intensa vida no teu espírito ...
És e serás sempre nossa Rainha,
e diante de Deus a exemplar serva,
que pensava antes nos pobres e desvalidos e por último em si ,
no afeto distribuído sem medida.
Recebe tua coroa da vida, teu galardão ,
teu justo prêmio por teu coração .
Vai amada , agora , receber de Deus, o luminoso sorriso Dele
porque diante da Face do Absoluto na Sua Glória ,
terás tudo , por toda a eternidade ...
E aí , um dia , no apertado abraço do reencontro ,
passearemos todos juntos no Jardim do Senhor.
Nós te amamos.
Com amor ,
tua filha Rê.





*Maria Cármen Medeiros Fabrício faleceu em 10/04/2007 , uma terça-feira , às 8: 30 h da manhã ., de falência múltiplas de órgãos .Em 26 /05/07 completaria 76 anos. Seu versículo predileto era : "Entrega teu caminho ao Senhor, confia Nele , e o mais Ele fará. " Salmo 37 : 5

A HISTÓRIA DE CARMINHA

Corria o ano de 1931.
O inverno chegou mais cedo nos pagos do Rio Grande, trazendo o frio, o minuano, a umidade, a geada, o silêncio e a solidão aos campos missioneiros.
Mas, no campo dos Medeiros, em uma fria madrugada, um choro de criança recém nascida corta o silêncio.
Aristides abre um longo sorriso no rosto sério de chefe de família; lágrimas de felicidade escorrem pela face serena e suave de Irene – a casa dos Medeiros recebia com paz e harmonia aquela criança que vinha ao mundo na solitária madrugada.
Era uma menina, de nome Maria Carmem, mas de Carminha a vida inteira seria chamada.
Nasceu de 7 meses, com a saúde frágil.
Em razão disso, a mãe enrolava a guria em roupas de lã e, para protegê-la do frio que trazia dentro de si, a embalava, cantarolando cantigas de ninar, próximo do fogão à lenha que havia na cozinha.
Não adiantava, embora os redobrados cuidados da carinhosa Irene.
A Carminha seguia chorando, lutando contra a frágil saúde, agravada pelo parto prematuro, pelo frio, pela umidade, pela geada e pelo minuano.
Mas a guria tinha o sangue Medeiros nas veias – lutar estava no seu destino.
Que viesse a vida e suas lutas.

II –
Aos poucos, a brava Carminha foi superando os problemas de saúde, embora o inverno sempre a castigasse com rigor e constância.
Primogênita do casal, tornou-se companheira inseparável da mãe, seu exemplo e modelo por toda a vida.
Por isso, sofreu quando teve de partir para o internato, em Cruz Alta, onde cumpriria o ritual das filhas das famílias missioneiras nos anos 30 e 40: cursar o Segundo Grau da época (cujo nome, então e durante muito tempo, era curioso: “Normal”).
Finalizado o Segundo Grau, era o momento de despedir-se das amigas de Internato (que jamais a esqueceriam, por toda a vida) e tornar à casa paterna.
Pois às moças do Rio Grande, à época, era incogitável fazer Faculdade.
Bastava ser moça prendada, “de boa família”, e ter finalizado o Segundo Grau para sonhar com o dia em que o príncipe bateria à sua casa, pedindo a sua mão em casamento.
Era o destino das moças de então.
E foi o destino que Carminha cumpriu à risca.

III –
Um par de anos depois, por volta dos 20 anos, o pai preparava-se para viajar à Bossoroca, terra e querência dos Fabrício.
(Quem conhece a história da Bossoroca, sabe que a crase acima não está errada).
A mãe insiste para que Carminha acompanhe o pai naquela viagem.
Carminha, caseira e apegada à mãe, queria ficar.
Irene, pra convencer a filha, disse, então, sorrindo:
- Vai, Carminha. Talvez tu conheças um moço bonito pra ser o meu genro.
Carminha, sorrindo, acatou o pedido da mãe.
E viajou à Bossoroca, acompanhando o pai, Aristides.
Na volta, dois dias depois, a mãe pergunta, de novo sorrindo:
- E então? Conheceste o moço bonito que vai ser o meu genro?
E Carminha, sorrindo sem jeito, respondeu:
- O único moço que eu conheci foi um chato que passou o almoço inteiro falando de um crime que aconteceu não-sei-aonde…

IV –
Um ano e pouco depois, em Santo Ângelo, Capital Missioneira, Carminha voltou a se encontrar com o moço da Bossoroca, no casamento de uma grande amiga de Internato, Helena – que, por coincidência, era prima dele.
Mas não dançaram – a saúde frágil de Carminha voltou a se manifestar naquele rigoroso inverno de julho de 52, a ponto de ter de ser hospitalizada.
Quatro dias depois, o moço da Bossoroca a visita no hospital.
O moço se chamava Newton (mas ela gostava mais do apelido, Nito. Talvez porque, alegre como era, imagino que brincasse com Irene: - Mãe, a senhora queria um genro bonito. Tá aqui o Nito).
Era o destino na vida de Carminha.
E a vida, em breve, lhe traria uma alegria e uma tristeza – pouco tempo depois do noivado, perderia a mãe, seu modelo e referência, que partiu para a Eternidade com apenas 46 anos, vitimada por doença fulminante e inesperada.

V –
Casam em 8 de janeiro de 55.
E atravessam a vida superando juntos os reveses que ela sempre apresenta.
Tiveram momentos tristes e alegres nos 52 anos de casados.
Mas as alegrias foram, imensamente, maiores.
E imensamente maior o Amor que dedicaram aos 5 filhos e 7 netos.

VI –
Mas a saúde frágil lhe reservou um fim cruel.
Passou os últimos 7 anos da sua existência lutando, como foi o seu destino, com dignidade pela vida.
E o moço da Bossoroca, já perto dos 80 anos, foi marido e companheiro, solidário e exemplar ao seu lado, nos 7 anos que passou deitada, no entardecer da vida.

VII –
Penso em tudo isso quando olho para aquele frágil corpo deitado no triste caixão.
Como ela conseguiu chegar às vésperas dos 76 anos, apesar da saúde frágil desde o berço?
Penso que foi graças à capacidade de lutar, de amar a vida e os seus semelhantes, de ser solidária e generosa.
Acima de tudo, foi pelo Amor que dedicou a toda a família, aos Medeiros e aos Fabrício – e a sua imensa fé em Deus.
Mas há mais a pensar.
Penso no que aprendi com ela.
Aprendi muitas coisas que ela me ensinou.
Mas, acima de tudo aprendi com o seu exemplo.
E foi dela que herdei a indignação com as injustiças do mundo.
(E, na exata contrapartida, foi com o exemplo do meu pai que aprendi a agir, sempre, com a Razão; por mais difícil e árdua que seja a situação que se apresente e por maior que seja, na origem, a indignação, as razões da lógica são as que me conduzem, sempre).
E foi com ela que aprendi o sentido, o valor e o significado da palavra solidariedade.
Pois ela dedicou aos 5 filhos e aos 7 netos um Amor sem igual, como se cada um de nós fosse o único.
Mas isso não a impediu de liderar campanhas de solidariedade em relação a pobres e desamparados.
A maioria, pessoas que ela sequer conhecia.
Pois a generosidade era um traço marcante na sua personalidade.
E com todo o Amor que dedicou a cada um de nós, os 5 filhos, se dependesse dela seríamos 6 – porque sofria um Amor de mãe quando via um negrinho pedindo esmolas na esquina.
Se dependesse dela, teria adotado o primeiro negrinho que visse pedindo esmolas na esquina.
A ti, brava Carminha, minha mãe, o meu abraço, o meu agradecimento e o meu respeito.
O último beijo eu já te dei.

Newton Luís Medeiros Fabrício
Obs: por favor, não me envies mensagens de pêsames.
Se queres fazer algo, faças algo pelo primeiro negrinho que tu encontrares pedindo esmolas na esquina.
Porque isso é o que a Carminha – e seu coração, imenso, solidário e generoso – gostaria que fosse feito.

sábado, 3 de abril de 2010

É PÁSCOA

Aos estimados visitantes do blog:

agradeço vocês prestigiarem o Condado, lembrando especialmente agora que a nossa Esperança em Cristo como Salvador renova nossas forças na certeza da Ressurreição.

Meu agradecimento especial a Merton e Jean K.Wondracek, por colaborarem comigo , de modo inestimável, na publicação .



QUERIDOS AMIGOS E FAMILIARES!!!!





PÁSCOA ESPECIAL

Resolvi fazer uma mensagem de Páscoa
bem bonita e cheia de carinho,
para que pudesse homenagear
a nossa amizade.

Pensei em algo simples,
pois meu desejo é um só:
Te deixar mais feliz...

Te fazer sentir o quanto é importante
ser amigo, um algo assim para
te deixar de alto astral!

A vida agitada nos deixa
um pouco de fora da vida
dos amigos, e no nosso dia-a-dia
parece que não sobra tempo
para dizermos o quanto as
pessoas que estão ao nosso redor
são importantes para mim...

Senti necessecidade de dizer
o quanto você é importante...

E foi por isso que eu resolvi aproveitar
esta época de Páscoa para largar
tudo o que estava fazendo e
te mandar esta mensagem...

Quero dizer que sua amizade
é preciosa para mim e que você
estará sempre num lugar especial
dentro do meu coração.

A Páscoa é amor, é fraternidade, é União..
Meu desejo é que sua Páscoa
seja muito feliz e que eu
possa continuar tendo uma amizade
tão especial como é a sua!

Feliz Páscoa!!!!


As Riquezas Infinitas de Cristo

A Páscoa se aproxima. Deus se aproximou de nós, em Cristo.

E por isso, vamos meditar nas riquezas desta graça imerecida dada à Sua igreja, a cada um de nós.


As Riquezas Infinitas de Cristo


Fragmentos do prefácio de João Calvino à versão francesa do Novo Testamento (Ano de 1534)

Traduzido por Pierre Robert Olivétan para



Sem o evangelho

tudo é inútil e vão;
sem o evangelho

não somos cristãos;
sem o evangelho

toda riqueza é pobreza;
toda sabedoria, loucura diante de Deus;
toda força, fraqueza;
e toda a justiça humana jaz sob a condenação de Deus.
Mas pelo conhecimento do evangelho somos feitos

filhos de Deus,
irmãos de Jesus Cristo,
compatriotas dos santos,
cidadãos do Reino do Céu,
herdeiros de Deus com Jesus Cristo, por meio de quem

os pobres são enriquecidos;
os fracos, fortalecidos;
os néscios, feitos sábios;
os pecadores, justificados;
os solitários, confortados;
os duvidosos, assegurados;
e os escravos, libertados.
O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. Assim, tudo o que poderíamos pensar ou desejar deve ser achado somente neste mesmo Jesus Cristo.


Pois ele foi

vendido para nos comprar de volta;
preso para nos libertar;
condenado para nos absolver.
Ele foi

feito maldição para nossa bênção;
ofertado pelo pecado para nossa justificação;
desfigurado para nos tornar belos;
Ele morreu pela nossa vida para que, por seu intermédio,

o furor converta-se em mansidão;
a ira seja apaziguada;
as trevas tornem-se luz;
o temor, reafirmação;
o desprezo seja desprezado;
o débito, cancelado;
o labor, aliviado;
a tristeza convertida em júbilo;
a desdita, em felicidade;
as emboscadas sejam reveladas;
os ataques, atacados;
a violência, rechaçada;
o combate, combatido;
a guerra, guerreada;
a vingança, vingada;
o tormento, atormentado;
o abismo, tragado pelo abismo;
o inferno, trespassado;
a morte, assassinada;
a mortalidade convertida em imortalidade.
Resumindo,

a misericórdia tragou toda a miséria;
e a bondade, toda a infelicidade.
Porque todas essas coisas, que deveriam ser as armas do mal na batalha contra nós, e o aguilhão da morte a nos trespassar, transformam-se em provações que podemos converter em nosso benefício.

Se podemos exultar com o apóstolo, dizendo, Ó inferno, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão? É porque, pelo Espírito de Cristo prometido aos eleitos, já não somos nós quem vive, mas é Cristo quem vive em nós; e, pelo mesmo Espírito, estamos assentados entre aqueles que estão no céu, de modo que, para nós, o mundo já não conta, mesmo que ainda coexistamos nele; mas em tudo estamos contentados, independentemente de país, lugar, condição, vestimentas, alimento e todas essas coisas.

E, portanto,

somos consolados na tribulação,
nos alegramos no infortúnio,
glorificamos quando vituperados,
temos abundância na pobreza,
somos aquecidos na nudez,
pacientes entre os maus,
vivos na morte.
Eis, em síntese, o que deveríamos buscar em toda a Escritura: conhecer verdadeiramente Jesus Cristo e as riquezas infinitas compreendidas nele, as quais nos são ofertadas nele por Deus, o Pai.


Extraido de: Monergismo

Fonte: “Preface to Olivétan’s New Testament” em Westminster Library of Christian Classic (Vol. XXIII), Calvin: Commentaries - Westminster John Knox Press, julho/79, pp. diversas.

Fragmentos do prefácio de Calvino à versão francesa do Novo Testamento (1534) traduzido por Pierre Robert Olivétan.

Seleção e arranjo: Tiago Canuto Baia

Tradução: Marcos Vasconcelos
Recife, 28 de julho de 2009

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Dinheiro e Semana Santa

Segunda-feira Santa - A paixão de Cristo e o dinheiro

O Evangelho da segunda-feira da Semana Santa traz a história do perfume
precioso, derramado por Maria sobre os pés de Cristo na casa de Lázaro. Era
caro, e segundo Judas, valia "trezentos denários".

Dinheiro e política compõem o cenário da paixão de Cristo. Por trinta moedas
subornaram Judas para entregar Jesus. E se valeram das veleidades políticas
de Pilatos para condená-lo à cruz: "se soltas este homem não és amigo de
César".

Dinheiro e política compõem também o cenário do drama do povo. A amizade com
os "césares" continua condicionando as causas do povo. E assim os recursos
financeiros não são aplicados segundo as necessidades urgentes dos pobres,
como a saúde, a educação, a moradia, o transporte, o emprego.

Judas, o zelador da "bolsa", diz que o perfume poderia ser vendido, para que
o dinheiro fosse dado aos pobres. Na verdade, ele queria roubar o dinheiro.

Assim fazem entre nós os demagogos: levantam a bandeira dos pobres, mas
entram na política por interesses pessoais. Judas traiu Cristo, os demagogos
traem o povo.

Jesus coloca critérios de valor para o uso do dinheiro. À primeira vista, o
perfume derramado por Maria era um desperdício. Na verdade, era uma ação
educativa: o dinheiro precisa estar sempre disponível para as grandes
causas. Jesus estava prestes a empenhar sua própria vida pela causa da
humanidade. O dinheiro do perfume derramado sobre seu corpo se revestia da
mesma finalidade. Jesus estava dando o critério para a destinação primordial
do dinheiro: "pobres sempre tereis convosco".

O dinheiro entrou na paixão de Cristo. Ele entre no drama da vida humana. É
necessário que ele seja assumido, com responsabilidade. Faz parte de nossos
compromissos analisar a serviço de que causas está sendo colocado o nosso
dinheiro.


Terça-feira Santa - Dinheiro: amor ou traição?

A traição de Judas é capítulo indispensável da paixão de Cristo. É o que a
liturgia coloca nesta terça-feira da Semana Santa. E, de novo, o dinheiro
integra o cenário desta traição.

Diz o Evangelho que o Mestre estava perturbado diante da iminência da
traição. Partilha esses sentimentos com seus discípulos. Pois o contexto era
de intimidade, de amizade, de confiança: uma refeição. Tanto mais destoava a
traição, pois vinha de um amigo, e usava as aparências da amizade para se
perpetrar.

Observa o Evangelho que Judas pôde sair tranqüilo da sala, e partir para a
traição, aparentando as boas intenções do seu ofício: como encarregado do
dinheiro, todos pensavam que ele fosse "comprar o que precisavam para a
festa, ou dar alguma coisa para os pobres".

Para isto serve o dinheiro: para a festa da vida, e para ajudar os pobres.

Nada mais comovente do que ver a alegria dos pobres partilhando o pouco que
possuem. As festas dos pobres são bonitas. Com seus parcos recursos,
multiplicam a alegria da convivência, da acolhida mútua, da descontração, da
alegria de viver. Parece o milagre da multiplicação dos pães: a carência de
todos se transforma em surpreendente abundância, e resulta que todos se
saciam, e ainda sobre alguma coisa.

Na casa do pobre sempre há lugar para mais um. Quando chega o visitante, é
bem acolhido, é convidado à mesa, e ninguém se preocupa se a comida será
suficiente.

Com um pouco de dinheiro dá para multiplicar o amor. Aí o dinheiro se
transforma em vida e em alegria. Ele fica abençoado. Ele atinge sua
finalidade.

O dinheiro que caía na bolsa de Judas deveria servir ao amor. O drama é que
o dinheiro está tão perto da traição, quando passa a ser objeto de cobiça.
Aí ele perde sentido, e leva para a perdição.

Viver a Páscoa é recolocar o dinheiro a serviço da vida e do amor.



Quarta-feira Santa - Dinheiro e poder: os critérios da negociação

Em plena Semana Santa, o Evangelho insiste em mostrar a presença e a ação do
dinheiro na história da paixão de Cristo.

Nesta quarta-feira Mateus nos conta que Judas foi negociar com os sumos
sacerdotes. A traição ficou cotada em trinta moedas. Acertaram-se no preço,
na quantia de dinheiro. Mas com isto o Justo ficou sacrificado. Fizeram
acordo. Entenderam-se a respeito do valor monetário. Mas esqueceram o valor
da vida, que não tem preço. E assim o Cristo foi condenado a morrer.

Diante desta história do Evangelho, podemos situar melhor o problema dos
acordos financeiros.

Entre nós se discute tanto, e com razão, os termos dos acordos que regem
hoje as relações financeiras no mundo globalizado. Até os pobres falam no
FMI. No Brasil foi feito o plebiscito sobre a Dívida Externa, e a primeira
pergunta dizia respeito, exatamente, aos "acordos com o FMI". Mesmo sem
conhecer os termos exatos destes acordos, o povo intui que eles se revestem
de uma perversidade que não pode ser aceita.

E que os acordos não podem se limitar a reger relações financeiras. Eles
precisam estar relacionados com a vida do povo. Caso contrário, correm o
risco de serem injustos, e de colocarem em risco a sobrevivência dos pobres.

Sem a vinculação ética que a deve reger, a economia perde sentido, e se
torna instrumento para condenar à morte a multidão dos excluídos.

O dinheiro, por pouco que seja, dá um poder de negociação. Com uma pobre
bolsa na mão, Judas se transformou em negociador diante do sistema do poder
estabelecido. E foi capaz de provocar uma grande injustiça.

Usar corretamente o poder de negociação que nosso dinheiro nos proporciona,
é um sério dever ético, para todos, em nosso tempo. Pois está em causa a
vida das pessoas, sobretudo dos indefesos.

Quinta-feira Santa - Gratuidade além do dinheiro

No clima comovente de despedida, o Evangelho narra hoje o gesto de Cristo,
de lavar os pés dos apóstolos. E explica como este gesto nascia de um amor
sem limites: "tendo amado os seus, amou-os até o extremo" (Jo 13,1).

De novo, o contraponto deste amor é o ódio cego, que já tinha se instalado
no coração de Judas. A ganância do dinheiro tinha toldado o horizonte de
Judas. O acordo com os sumos sacerdotes o condicionava, e ele se sentia na
obrigação de trair o Mestre. "O diabo já tinha seduzido Judas para entregar
Jesus" (Jo 13,2). O diabo se instala a partir da lógica do lucro.

É importante evitar de entrar nesta lógica. Pois uma vez instalada, tem a
força de uma coerência, tantas vezes afirmada enfaticamente pelos
economistas, que teimam em insistir na "verdade única" da inexorabilidade do
processo econômico excludente que impõe seus critérios. Não se trata de
negar esta coerência intrínseca. Trata-se de mudar de princípio. Trata-se de
substituir o "diabo" do lucro pela gratuidade do amor, feito serviço aos
irmãos. Como fez Cristo na quinta-feira, em contraste total com o que foi
fazer Judas, no mesmo dia e na mesma hora.

A lógica do lucro produz insensibilidade humana, e fecha dentro de
"direitos" que se respaldam em leis inspiradas para sua defesa. A força do
amor leva a ultrapassar os "deveres", e chega a gestos surpreendentes,
rompendo os horizontes das formalidades, e estabelecendo uma nova atitude de
solidariedade e de comunhão. Os discípulos nunca mais irão esquecer o Mestre
que lavou seus pés. E descobrem nele um motivo para a entrega de suas vidas,
além das medidas humanas, e muito além da lógica do lucro.

Só o amor, transformado em serviço gratuito, rompe os limites do lucro.

Sexta-feira Santa - Condenação de Cristo - julgamento do sistema

Hoje o dia nos convida a olhar, com respeito, para o Cristo condenado na
cruz. O fato permanece como a interpelação mais profunda da história humana:
como foi possível uma pessoa que "passou fazendo o bem a todos", ser
condenada na cruz?

As lições permanecem inesgotáveis. No seu conjunto, atestam com evidência a
diferença de critérios a presidir um projeto de vida e de sociedade. Um
projeto que se guia pelos contra valores do ter, do poder e do prazer, não
tolera um projeto que se guia pela doação, pelo serviço e pelo amor. E se
sente na obrigação de eliminar os que o contestam com o testemunho da
própria vida. Sua urgência de condenar é confissão da própria fraqueza,
incapaz de encontrar justificativas humanas para se sustentar.

Foi assim que o próprio Cristo entendeu o significado de sua iminente
condenação: ela iria significar o julgamento dos que o estavam condenando.

Cristo bateu de frente com o sistema de dominação religiosa, política re
econômica, exercida sobre o povo pelos detentores do poder. Mas estes, para
executar seus planos, acionaram a ambição financeira. Ofereceram dinheiro
para Judas entregar o Mestre, para ser submetido a julgamento, e ser
condenado a morrer.

Com o Cristo crucificado se identificam milhões de inocentes, condenados a
morrer pelo sistema que os exclui da vida. São vítimas da ambição do poder,
da ânsia desordenada do ter, e do desejo desenfreado do prazer, dos que hoje
ainda detêm em suas mãos o destino das pessoas.

Mas o condenado na cruz nos convida a fazermos a opção certa, e assumir o
seu projeto.



Sábado Santo - Empréstimo provisório

Depois da sexta-feira intensa e movimentada, carregada de tensões e
sofrimentos, veio o sábado do repouso.

Como faz bem um dia de repouso, sem agenda, sem acontecimentos, sem
agitação, sem notícias. Para ser vivido no silêncio, na paz, no sono, na
espera.

Um dia que parece vazio. Mas que na verdade se enche de mistério e de
esperança.

As atenções se voltavam para o túmulo, onde ainda estava o corpo do Cristo.
Um túmulo emprestado. Um túmulo de família rica. Após a morte de Cristo,
José de Arimateia e Nicodemos saíram do anonimato, e ofereceram seus
préstimos às mulheres, para darem ao falecido uma sepultura digna. Compraram
caros perfumes, conseguiram emprestado um túmulo, e nele depositaram o corpo
do Senhor.

Foi tarde demais a intervenção deles? Não podiam ao menos ter pago um
advogado, para defender o acusado, num processo tão cheio de irregularidades
jurídicas?

Em todo o caso, agora agiam sem constrangimentos, respaldados pela dignidade
da morte, que tem a força de se sobrepor às injustiças contra a vida. A
morte dos pobres se constitui em força irresistível em favor de suas vidas.
Como a morte de Cristo, plantada no túmulo, de onde brotaria com força nova
e irresistível a vida ressuscitada.

Nunca é tarde para colocar nossos recursos a serviço da vida. O túmulo
emprestado lembra os empréstimos dos ricos para os pobres. Aquele foi um
empréstimo provisório, de apenas três dias, e que compôs o contexto de onde
a vida eclodiu, exuberante, para sempre.

Um empréstimo provisório, que serviu para uma vida definitiva. Ao contrário
de muitos empréstimos de hoje, que mais parecem túmulos definitivos, a
sepultar para sempre as esperanças dos pobres.

Este sábado ensina aos Nicodemos de hoje que o melhor fruto dos recursos
financeiros não sãos os juros acumulados, mas a alegria de ver ressuscitada
a vida dos pobres.

Domingo de Páscoa - Túmulo vazio - corações cheios

O domingo da ressurreição começou na madrugada, com Madalena e as outras
mulheres. E terminou noite a dentro, com os discípulos de Emaús e os
apóstolos reunidos. Um longo aprendizado, para passar da decepção do túmulo
vazio, para a plenitude da alegria com a presença do Senhor Ressuscitado.

Todos os pequenos episódios deste dia ensinam a passar das decepções para a
esperança, da morte para a vida, do sofrimento para a alegria.

O túmulo vazio não era fruto de roubo praticado. Era ausência de morte, era
sinal de vida.

O vazio de Deus em nossa vida é sinal de sua presença, é espaço para nossa
afirmação, é convite para mergulharmos em seu mistério de amor.

As interrogações dos discípulos não eram prova do contra senso, eram pistas
para a descoberta da verdade.

As decepções dos apóstolos não eram confirmação do engano, mas purificação
das mentes, para se abrirem aos desígnios divinos, que superam as falsas
expectativas humanas.

Para experimentar a presença do Senhor não precisavam de muita coisa.
"Tendes aí alguma coisa para comer?" (Lc 24,41). Bastam algumas coisas! Não
precisamos abarrotar nossas despensas, não precisamos de grandes somas em
nossas contas bancárias, não precisamos de grandes investimentos nas bolsas.
A frugalidade está mais próxima da alegria e da plenitude. Corações
abarrotados de desejos não deixam entrar a luz da vida. O Ressuscitado
atravessou paredes e portas fechadas, mas não passa pela barreira da
ganância e por cima do acúmulo.

Assim, a paixão tinha preparado os corações para a alegria do reencontro,
para a paz que vem do Senhor, para o perdão gratuito e total, para o
Espírito que era concedido aos discípulos como primícias da vida nova e
definitiva que já brilhava no corpo ressuscitado do Senhor.
Estavam removidos os obstáculos da morte, estava aberto o caminho da vida
verdadeira. Por ele somos convidados a andar, à luz da fé no Ressuscitado!

Autor: Dom Demétrio Valentini - Bispo de Jales (SP) e Presidente da Cáritas
Brasileira
Foonte: Adital

quarta-feira, 17 de março de 2010

PSICÓLOGO- Vida pela Liberdade

O CFP se pronunciará?

Ageu Heringer Lisboa, Psicólogo, Escritor, São Paulo



A noticia que corre pelo mundo. Um psicólogo resistente à ditadura cubana pede a libertação de prisioneiros enfemos. Não restando alternativa, Guillermo Fariñas optou pela greve de fome. Fidel e Raul Castro, os donos do poder calam à força os dissidentes. Atos de "desobediência" e crítica ao sistema cubano rendem pena de mais de 20 anos de prisão. Ou seja, se não pensar de acordo com os donos do poder, a pessoa é considerada perigosa. O Lula cinicamente lavou as mãos quando poderia dar uma contribuição para a reconciliação e a liberdade, dado o seu prestígio junto à liderança cubana. O que nos ensinaram Freud, Jung, Reich sobre sistemas totalitários? Que buscam anular os indivíduos pensantes, por serem psiquicamente autônomos, na massa inconsciente e manipulável.

Para ser coerente com posturas defendidas em suas deliberações e publicações, o Conselho Federal de Psicologia tem o dever de se manifestar prontamente em defesa deste colega e pela liberdade para os cubanos. Conselho que sempre exaltou a defesa de direitos humanos contra toda forma de opressão. Creio que deve valer para todas as cores e lados. Note-se que este psicólogo não é nenhum maluco direitista ou amante do capitalismo. Nunca desejou ir para Miami. Foi um lutador pelo socialismo, mas que não se vendeu ao sistema que apodrece na ilha e mantem sua integridade humana.
Conclamo os dignos colegas Conselheiros a se manifestarem urgente e publicamente. Mais ainda, sugiro até que seja encaminhado um protesto formal para a embaixada cubana em Brasília. e que se envie um representante a Cuba para visita de apoio a este bravo colega. É um momento histórico que pede posicionamento claro, sem subterfúgio e evasivas.
Creio ser este o pensamento da expressiva maioria dos psicólogos brasileiros.

Campinas, 12 de março de 2010
Ageu Heringer Lisboa - CRP 06/09732

POR QUÊ AMO SANTO ÂNGELO

Estive em Santo Ângelo por ocasião das comemorações dos 40 anos de formatura da 1ª Turma da Faculdade de Direito da qual fez parte meu dileto pai Newton Furtado Fabrício. Revi queridos amigos, amados parentes; tive a saudade amenizada por minha terra natal.

Santo Ângelo têm, e sempre teve, " um quê " de diferente. Magia e encantamento no ar, algo oculto aos olhos. Por outro lado, a estes visivelmente expressos, a beleza, o crescimento, o movimento, a vida, a luminosidade, algo que eu chamaria que ela têm, por si própria, uma...vitalidade. Aqui, até as estrelas no céu parecem mais brilhantes.

O comércio rico (que, no que experimentei não ficou devendo em nada às ofertas e crediário da capital do estado ). A limpeza e beleza das ruas, bem como " o calçadão da 25 ". O "algo a mais" da cidade ...
Como citei antes, na questão da experiência comercial, quando solicitava um cafezinho nas lojas, a oferta era o chimarrão. Essa era a boas-vindas da nossa terra, hospitalidade, calor e solicitude da gente missioneira.
Restaurantes e churrascarias de excelente padrão, bem como barzinhos de alto nível, investimentos de homens empreendedores e inteligentes que acreditaram na potencialidade de Santo Ângelo, merecem ser valorizados.

Destaco ainda a beleza típica das mulheres aqui nascidas, estampadas nos jornais ou mesmo vistas nas ruas, qualquer fosse a faixa etária.

Revi a Catedral majestosa, imponente, e a Prefeitura, belo prédio arquitetônico, entre tantos outros que nossa cidade têm, não há como deixar de admirá-los e tudo fazer para preservar a riqueza dessas verdadeiras obras artísticas.Por isso mesmo não podem, não devem ser esquecidos.
A Praça Ricardo Leônidas Ribas_justa homenagem a um homem de inestimável valor e que tanto fez por Santo Ângelo_a antiga praça Rio Branco, palco de amores anônimos, como são todas as praças em todas as cidades do mundo. E ainda o Colégio Verzeri, que abrigou tantos sonhos de meninas, que aguardavam pelo fim do turno das aulas para a troca de olhares furtivos e enamorados de adolescentes.

Por onde andei, não vi pobreza ou mendicância nas ruas, e estive em lugares diversificados.

Quando nós, que moramos fora, vamos a Santo Ângelo, costumamos dizer: " Estou indo a ' Los Angeles ' ". É um jeito querido com que apelidamos nossa " Santinho ". Nomes carinhosos ela tem muitos
Pois que não se olhe nossa cidade natal com os olhos de costume. Para quem mora nela é natural que a visão seja esta . Que ela seja vista com a do turista, do estrangeiro, do visitante.

E, tendo havido um dia um homem como Sepé Tiarajú, que orgulhosamente proferiu: " Esta terra têm dono ! ", que possamos também nós nos apropriarmos dessa mesma verdade e amar Santo Ângelo. Ela merece ser amada.

Parabéns, Santo Ângelo, estás muito bela e amorosamente bem cuidada.

Em tempo: Agradeço o belo trabalho da comissão aos nomes de Flávio Caliari e Nadir Muniz, e homenageio a todos os colegas do meu pai abraçando, pela passagem de mais um aniversário de formatura, os bacharéis Dr Pedro Osório e Dr Valdir Andres.
Parabéns ao atual Prefeito Eduardo Debacco Loureiro pelo belo trabalho desenvolvido, bem como a todos os prefeitos anteriores que trabalharam com afinco para Santo Ângelo ter se tornado a cidade que hoje se vê.


Regina Maria Medeiros Fabrício
Psicóloga

domingo, 28 de fevereiro de 2010

UM DIA MUITO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO

"Este é o dia que fez o Senhor ; regozijemo-nos e alegremo-nos nele."
(Salmo 118:24)

Arthur, meu dileto sobrinho, nasceu há 10 anos, no dia 16 do segundo mês
do calendário. Era, como agora, completamente ensolarado aquele dia.
O sol brilhante irradia luz e calor, e isso mesmo define nosso "Tutui".
Seu sorriso brilha, o abraço é caloroso, e seu olhar é
completamente expressivo na alegria e no afeto.
Arthur, valente guerreiro, vivendo personagens e fantasias de tantas estórias,
compartilhou comigo as lutas vitoriosas com espadas, e eu, batizada por ele de
"A Dama da Noite" e tantos outros nomes memoráveis, fui agraciada
com outra infância (adulta) feliz!
Obrigada pela casinha na árvore, e por afastares bravamente os perigosos
dragões !! Te amo muito!!
Tenho certeza, querido, e oro por isso, que continuarás tendo uma vida feliz!
Com amor,
tia Re

Obs: O beijo pela data te dei no aniversário, mas eu desejei publicar aqui,
para ti, esta homenagem

Regina Fabrício

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Comercial Nota 1000

A vida passa rápido, a gente sabe disso.

Então,que diferença podemos fazer no dia a dia na vida dos outros e na nossa própria?

Um outro texto nos remete a "Frear a Agenda Descontrolada". É um bom começo.

"Sinceridade.Transparência.Perseverança.Profissionalismo.

Valorizar o fundamental.Contabilizar boas relações.Investir na alma. Preservar recursos. Profissionalismo.Marketing do amor.Estocar sorrisos.Beijar seus amores, dizer-lhes que os ama. Cultivar Deus. Agradecer."

Este comercial refere parte do que é fundamental e essas são algumas das atitudes que podemos adotar para tornar este mundo um pouco mais sensível e de fato humano.Viver como "feito à imagem e semelhança de Deus", como era na origem, revestindo-se do "novo homem".

Regina Fabrício

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A VIAGEM

Mário Nitsche é um estimado amigo de longa data.
Autor de livros "AMOR MAIOR" e "O DESCANSO DO HOMEM",
considero-o um talentoso escritor por natureza. A produção
é rica, as palavras fluem belas, o conto tem magia própria.
Como já foi dito dele: "parece que já nasceu escrevendo..."
É, portanto, uma honra para mim publicar " A Viagem"
no Condado da Esperança.
Regina Fabrício

A VIAGEM






No dia 29 de dezembro de 2.009 saímos.

E fomos.

Egito.

Uma maravilha fincada no deserto, nordeste da África e vitalizada por um outro encanto chamado Nilo. O Nilo é bonito e tem personalidade forte.

Ele fala... ele vive!

Há uns 8.000 anos o Nilo começou a se esculpir em sua forma definitiva. Uma gigantesca serpente saindo do coração da África, correndo paralela ao Mar Vermelho e passando com elegância num bonito delta para o Mar Mediterrâneo.

E um povo impressionante, os antigos egípcios há uns 4.000 anos AC aprenderam a usar as águas das cheias do Nilo e o Sol e em milhares de quilômetros às margens do Nilo coordenaram um magnífico trabalho agrícola! O deserto floresceu em trigo. O Egito ficou poderoso. Os antigos diziam que “quem bebe da água do Nilo sempre volta”. Desnecessário. O Nilo é um estado de espírito. Você chega lá e daí ele fica com você por onde você for.

O Egito é uma experiência de vida.

O fascinante é que a vida a morte e a história passeiam de mãos dadas pelas cidades e sentam-se para conversar nos monumentos e areias do Saara. Há no Egito uma religiosidade sólida tipo grande pergunta que se impregna na gente. Passeando por um templo ou andando pela rua se você vir a morte caminhando ao seu lado, não ligue. Ela não é tão feia assim e anda triste com a discriminação descabida feita à ela que durante tantos e tantos milhares de anos têm cumprido sua função com esmero e amor. Pobrezinha! Dá dó de ver.

No oposto das religiões orientais em sua maioria, os egípcios criam e crêem no indivíduo criado e quando ele morre sua alma não se dilui no todo e sim continua e fica passeando, zanzando por lugares impressionantes em muitas dimensões e um dia com saudades do corpo dentro do qual foi esculpida, volta. Mas para reconhecer o velho casulo onde viveu, amou e aprendeu tanto, o corpo deve estar preparado! Nas urnas com aquela ortografia tão bonita está a história do moço! Onde nasceu; coisas que gostou. Atos, religião, função na sociedade, o nome do cachorrinho de estimação, o time... e tudo que é essencial. Daí ela, a alma aventureira, volta, olha e vê: “Ah, esse sou eu, pô!” A arte de embalsamar corpos para a volta da alma chegou a máximo no Egito. Demorava setenta dias na Casa da Morte. O único problema na CM é que era uma instituição do governo e gerida por sacerdotes! Imagine...

E todos os extintos levavam alguma coisa consigo... Os mais ricos o exuberante: jóias, carros, brinquedos e muitos e muitos dólares. Os pobres, para variar, muito menos... Davam graças a Amon por serem embalsamados (depois de pagar a vida inteira por isso) e levarem escondido um pequeno escaravelho para dar sorte e olha lá!

Havia cerveja na maioria dos túmulos e eles criam que a tomariam na Terra do Poente. Uma eternidade com uma cerveja que não faça mal, não dê porre e nem engorde! Indescritível...

Existe no Egito uma imensa pergunta: A ETERNIDADE! Ela não é questionada de um modo geral... a dúvida é se com tudo o que se pode fazer a gente salta para lá e vive no eterno. Os Egípcios não valorizam a morte e sim pensam na eternidade e RESSUREIÇÃO!

Uma gravura fantástica é a versão egípcia do Juízo Final de Michelangelo. Uma balança e num dos pratos coloca-se o coração da pessoa. No outro uma pena. Se o coração do cara estiver pesado de iras, remorsos, raivas, apunhalamento de amigos pelas costas, amor ao poder e outros, a pena sobe, o coração é devorado e a alma se perde no mundo da morte. Se o coração estiver leve e houver equilíbrio com a pena ele passa para a ressurreição junto com Osíris.

É... um coração leve é bom em qualquer cultura do mundo. E para a saúde também.

Grandes guerreiros estrangeiros passaram, lutaram viveram e alguns morreram no Egito.

A Babilônia invadiu o Egito. Mas foi vencida por Alexandre o Magno que foi lá e encarou os babilônios. Alexandre foi entronizado Faraó e virou um deus no Egito! Ele gostou muito e como já era o magno... imagine depois.

O Egito quase foi tomado pelos Hititas um povo feroz que tinha um só deus, “o” tempestade e achava que o sol era feminino... Você já pensou no sol sendo uma mulher? Não! Eles sim. Quem sabe se eram tão brabos assim por isso. Uma mulher pode ter o brilho do sol o que a deixa mais bonita... Mas nunca ser “o” sol. O que é isso meu Deus... Os hititas não estavam com nada. (1)O Egito foi salvo por Horemheb numa série de batalhas magníficas.

Muitos e muitos outros. Sem esquecer dos romanos no ocaso do Egito antigo.

Mais modernamente Napoleão discursou - tendo as pirâmides às suas costas - para suas tropas cansadas e loucas para voltar a França e comer baguetes com um bom vinho. Bom mesmo!

Alemães e ingleses mediram forças no Egito na Segunda Guerra e quase morreram e muitos morreram (também) do calor do deserto dentro dos tanques.

Quem serão os próximos?

E o Egito continua lindo e misterioso.

Nosso guia, um egípcio simpático que fala um portunhol quase perfeito foi ótimo. Ele passava a mão carinhosamente pelos desenhos, esculturas e hieróglifos e contava histórias e mais histórias! Nos chamava de “família”, pedia atenção e contava... contava. Quatro dias convivemos. Dei a ele um exemplar do AMOR MAIOR autografado e vamos ver se continuamos a viagem por e-mails agora que um pouco do Nilo está aqui.

Três dias navegamos pelo Nilo. Sublime. Lindos pores do sol e grandes papos na cobertura do barco sobre tudo e mais um pouco e a vida. Magia. Viajamos pelo Nilo de Assuan a Luxor. Luxor? Não, para mim é Tebas! Eterna Tebas. Passeamos pela Avenida dos Carneiros por onde Horemheb e Sinuhe o egípcio caminharam preocupados sobre onde tudo iria parar com a idéia maluca do Faraó Aknaton da existência de um só Deus e um mundo onde todos seriam iguais perante Ele... Que coisa!

Faltou um cafézinho na Avenida dos Carneiros, mas nada pode ser perfeito.

De Luxor fomos a Paris. Uma outra história.

P.S. (1)- Os hititas também tinham muito medo de olhar a lua! Ela só deveria ser contemplada de vez em quando por pessoas poderosas e de preferência não por muito tempo. Eles não eram românticos!

O CRISTÃO NO MUNDO

Sabemos que não somos do mundo, mas estamos nele, não é mesmo?

O ser humano é um ser social, e isso traz implicações sociais para a igreja de Cristo. Embora a igreja seja chamada do mundo para formar um povo santo para o Senhor, ela não é arrancada do mundo nem trasladada para o céu no momento de seu chamado eficaz, mas continua vivendo neste mundo e precisa se relacionar com ele, caso contrário não conseguirá cumprir a sua função de sal e luz.

Mas qual é a relação que a igreja deve ter com o mundo? Quais são os deveres sociais da igreja e o que isso tem a ver com cada cristão, individualmente, e com o corpo de Cristo, como um todo?
A compreensão deste tema é fundamental para que possamos estabelecer claramente a diferença entre Igreja e Gueto.

A igreja está no mundo e precisa testemunhar ao mundo de maneira clara e impactante, demonstrando vivamente o amor de Cristo e mostrando ao mundo e a cada pessoa a sua total dignidade, que só é encontrada em Cristo.

O gueto é um grupo fechado que só se preocupa com seus próprios interesses e com a manutenção de sua subcultura e que, por isso mesmo, não tem nenhuma influência social fora de si mesmo. Fomos chamados para ser igreja do Senhor, e isso nos impõe claras responsabilidades sociais.

A primeira coisa que se deve dizer, ao abordarmos o tema da relação entre a igreja e o mundo sem Deus, é que a nossa missão é proclamar ao mundo o evangelho de Cristo.

A igreja é proclamadora da verdade, a Bíblia não apresenta qualquer outra maneira de salvação para o ser humano a não ser mediante a fé em Cristo, e a igreja é responsável por fazer essa proclamação com fidelidade.

O primeiro aspecto que deve ser abordado é a ética social que a Escritura requer da igreja. A conduta cristã deve ser pautada pelo amor não só quando se refere à relação dos crentes entre si, mas também quando se refere à relação dos crentes com aqueles que não pertencem à igreja cristã. Manter uma boa relação com os crentes e uma relação ruim com os incrédulos não é a postura da igreja cristã, mas a postura de um gueto vaidoso que não consegue enxergar nada além de si mesmo, muito embora a Bíblia tenha claros ensinamentos a esse respeito.

O apóstolo Paulo ensina aos crentes de Tessalônica que a conduta deles para com os de fora deveria ser digna.(1Ts 4:11,12)

A responsabilidade do cristão para com os seus - Prover para si mesmo

É importante que cada um de nós cultive o amor-próprio (Ef 5.29). No entanto, esse amor-próprio deve ser moderdo. Ele deve ser suficiente para nos levar a trabalhar para que possamos suprir as nossas necessidades básicas com dignidade. Isso significa que ficar desocupado, sem se preocupar com os estudos ou em arrumar emprego não é um bom testemunho. Abrir mão de sua responsabilidade de trabalhar para ganhar o próprio sustento não é uma atitude cristã.

Prover para a própria família

Nem todas as pessoas estão capacitadas para prover para si mesmas, como acontece com as crianças e muitos enfermos e idosos. Nesse caso, o cristão tem a responsabilidade de prover por elas. O apóstolo Paulo diz a Timóteo que "se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que a o descrente" (1 Tm 5.8). Isso significa que a responsabilidade primária pelos pobres e pelos que não são capazes de ganhar o próprio sustento é da família. Aliás, como esse é um dever cristão, deve ser feito com dedicação e dignidade.

Prover para outros cristãos

Há pessoas que querem e tentam, mas não conseguem suprir para si e para seus familiares. Quando isso acontecer a um cristão, temos a responsabilidade de socorrê-los de maneira eficaz. Paulo fala sobre isso (Gálatas 6.10) e ele mesmo se empenhou pessoalmente em levantar, entre as igrejas , uma oferta especial para os crentes pobres da Judéia (Rm 15.26; 1 Co 16.1-4). João chega a perguntar: "Aquele que possuir recursos deste mundo, e vir seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?" (1 Jo 3.17). Tiago também indaga: "Se um irmão ou irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?" (Tg 2.15,16).

A responsabilidade do cristão para com todos

A igreja cristã tem responsabilidade de socorrer não somente os pobres que são crentes (embora deva começar por eles), mas também aqueles que não pertencem à igreja cristã. Este ensino permeia toda a Escritura, começando pelo AT, onde o Senhor revela várias vezes e de vários modos a sua vontade de que os pobres sejam socorridos em suas necessidades.

A lei de Moisés ordenava que os cantos das plantações não deviam ser colhidos e as espigas que caíssem no chão não deviam ser recolhidas. O fruto da terra devia ser deixado para os pobres, que podiam pegar livremente, para o seu sustento, as espigas que ficavam perto da cerca, sem que isso constituísse roubo (Lv 19.9,10).

Uma promessa de bênção é feita àqueles que socorrem os necessitados: "Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e este lhe paga o seu benefício" (Pv 19.17), e este paga o seu benefício" (Pv 19.17), e também uma promessa de bem-aventurança: "Bem-aventurado o que acode ao necessitado; o Senhor o livra no dia do mal" (Sl 41.1).

No NT Jesus ensina: "Ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém tu a receberás na ressurreição dos justos" (Lc 14.13,14). O cuidado dos pobres, segundo Jesus, produz galardão, que ele chama de "tesouros no céu" (Mt 6.19-21). Os Evangelhos são repletos de demonstrações do amor de Jesus pelos pobres, enfermos, cegos e coxos, a tal ponto de eu não precisar enumerá-las aqui.Pesquise e cite você mesmo pelo menos umas dez ocorrências desse tipo.

Por outro lado, aqueles que oprimiam o pobre receberam promessas de juízo divino: "Ai dos que decretam leis injustas,dos que escrevem leis de opressão, para negarem justiça aos pobres, para arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo, a fim de despojarem as viúvas e roubarem os órfãos" (Is 10.1,2). Amós também adverte: "Ouvi isto, vós que tendes gana contra o necessitado e destruís os miseráveis da terra...Jurou o Senhor pela glória de Jacó: Eu não me esquecerei de todas as suas obras, para sempre!" (Am 8.4,7).

O crentes, portanto, tem a obrigação de socorrer os pobres em suas necessidades, sabendo que, ao fazer isso, está fazendo não só aos pobres, mas ao próprio Cristo: "Tive fome, e me destes de comer;tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me...Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes" (Mt 25.35-40).

A Igreja, A Poluição e o Meio Ambiente

A igreja tem responsabilidade na preservação da natureza. Essa responsabilidade foi dada pelo próprio Deus que, depois de terminar a obra da criação da natureza e declarar que tudo era muito bom (Gn 1.31), colocou o homem no jardim para "o cultivar e guardar" (Gn 2.15). Portanto, de acordo com o relato bíblico, que é a nossa única regra de fé e prática, a igreja tem o dever de preservar a criação e peca quando deixa de cumprir o mandato cultural.

Aliás, somos ensinados, na Escritura, que a natureza reflete a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos" (Sl 19.1); e ainda: "Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem que o visites? Fizeste-o, no entanto, um pouco menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste" (Sl 8.3-5).

Diante do que dito, portanto, percebemos que a poluição e a degradação ambiental devem ser combatidas pela igreja de Cristo porque elas:

* Destroem a criação de Deus, que deve ser preservada e tratada.
* Mancham a manifestação da glória, da sabedoria e do poder de Deus, que se revelam por meio da obra da criação.

Portanto, a igreja tem o dever de levantar a sua voz para impedir, por todos os os meios legais de que dispõe, a destruição das florestas, a contaminação dos rios e nasentes,mares, a poluição de ar e todos os outros temas envolvidos na preservação da natureza. É realmente lamentável vermos que organizações que nada tem a ver com igreja se levantam todos os dias em favor da preservação da natureza, enquanto a igreja, que tem essa responsabilidade, fica calada. Essa omissão é pecaminosa.

Quando se fala em poluição, logo pensamos na poluição pública, mas há um outro tipo de poluição que também precisa ser evitado: a poluição particular. Um quintal cheio de lixo é um tipo de desleixo pelo jardim que nos foi confiado.

A poluição e a degradação ambiental sempre são pecado porque destroem e contaminam a boa criação de Deus. A igreja precisa urgentemente assumir a vanguarda de projetos de reciclagem, saneamento e preservação de florestas e reservas. Não podemos esperar que os seres vivos morram para tomarmos essa iniciativa.

Artigo 225. Da Constituição Federal "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações".

Acorda igreja de Jesus. Pelo fato de estarmos no mundo e termos a responsabiliddae de salgá-lo e iluminá-lo, temos profundas responsabilidades sociais a cumprir. Muito embora o Estado tenha também suas obrigações no cuidado dos pobres, a igreja não pode despejar nos ombros das autoridades civis uma responsabilidade que lhe foi dada por Deus.

Tratei apenas de três áreas de interesse contemporâneo sobre as quais temos responsabilidades sociais.Existem muitas outras, e a igreja precisa agir e rápidamente de maneira tal que ela possa testemunhar de modo vivo e eficaz do amor e da graça de Jesus Cristo.

Ensine aos seus filhos, amigos e aos crentes da sua igreja a importãncia da preservação da natureza e explique o que isso tem a ver com Deus e com a igreja. Estenda a mão aos necessitados de sua igreja. Se você tem algum funcionário a seu serviço, registre-o e lhe pague um salário justo. Zele pela fidelidade de seu testemunho cristão diante de Deus e da sociedade.

Artigo 7o. Da CF/88: "São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

Inciso VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo"...

A verdadeira contradição que cristãos e igrejas podem, e em muitos casos estão vivendo, é a contradição entre o que se crê e o que se vive. Se fizermos uma pesquisa entre os evangélicos do Brasil, perguntando sobre o que acham da miséria todos responderão que são radicalmente contrários a ela, e que isso só acontece por causa do pecado humano. Porém, se olharmos para as igrejas evangélicas do nosso país, percebemos que nelas também são reproduzidos os mesmos quadros de miséria e de opressão social.

Generosidade gera generosidade

Ao longo do capítulo 9, Paulo aponta para esse fator multiplicador que a generosidade pode trazer ao afirmar que : "a dedicação deles motivou a muitos" (2 Co 9.2). Por isso temos que nos dedicar desde já à prática da generosidade em nome da igualdade. Se começarmos, muitas outras virão. Façamos o seguinte: "Cada um contribua segundo propôs no seu coração: não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama aos que dá com alegria" (2Co 9.7).

Nenhum acúmulo é justificado diante da graça de Deus, se outros passam por necessidade.
"Enquanto não levantarmos o último que estiver caído, todos nós estaremos no chão" (H.C.Lacerda)


Fontes da pesquisa: Revista do Educador Cristão - No 46 (2004) -Págs: 21 a 24. Juerp
Bíblia Sagrada -Revista e atualizada (Almeida)
Revista Compromisso - 4o trimestre de 2004 - EBD 11(12 de dezembro) - A visão do serviço social - Págs 43 a 45.Juerp
Constituição Federal/88

Ir.Elizabeth Moraes