Desejo que este espaço seja um local que você tenha prazer de participar, e que nossas trocas intelectuais, culturais, emocionais e espirituais resultem em acréscimo para todos nós.  A intenção deste blog também é de publicar algum artigo que você tenha produzido, para que todos aprendamos sobre os mais diversos temas. Enfim, que este seja um local
aconchegante para você.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A VIAGEM

Mário Nitsche é um estimado amigo de longa data.
Autor de livros "AMOR MAIOR" e "O DESCANSO DO HOMEM",
considero-o um talentoso escritor por natureza. A produção
é rica, as palavras fluem belas, o conto tem magia própria.
Como já foi dito dele: "parece que já nasceu escrevendo..."
É, portanto, uma honra para mim publicar " A Viagem"
no Condado da Esperança.
Regina Fabrício

A VIAGEM






No dia 29 de dezembro de 2.009 saímos.

E fomos.

Egito.

Uma maravilha fincada no deserto, nordeste da África e vitalizada por um outro encanto chamado Nilo. O Nilo é bonito e tem personalidade forte.

Ele fala... ele vive!

Há uns 8.000 anos o Nilo começou a se esculpir em sua forma definitiva. Uma gigantesca serpente saindo do coração da África, correndo paralela ao Mar Vermelho e passando com elegância num bonito delta para o Mar Mediterrâneo.

E um povo impressionante, os antigos egípcios há uns 4.000 anos AC aprenderam a usar as águas das cheias do Nilo e o Sol e em milhares de quilômetros às margens do Nilo coordenaram um magnífico trabalho agrícola! O deserto floresceu em trigo. O Egito ficou poderoso. Os antigos diziam que “quem bebe da água do Nilo sempre volta”. Desnecessário. O Nilo é um estado de espírito. Você chega lá e daí ele fica com você por onde você for.

O Egito é uma experiência de vida.

O fascinante é que a vida a morte e a história passeiam de mãos dadas pelas cidades e sentam-se para conversar nos monumentos e areias do Saara. Há no Egito uma religiosidade sólida tipo grande pergunta que se impregna na gente. Passeando por um templo ou andando pela rua se você vir a morte caminhando ao seu lado, não ligue. Ela não é tão feia assim e anda triste com a discriminação descabida feita à ela que durante tantos e tantos milhares de anos têm cumprido sua função com esmero e amor. Pobrezinha! Dá dó de ver.

No oposto das religiões orientais em sua maioria, os egípcios criam e crêem no indivíduo criado e quando ele morre sua alma não se dilui no todo e sim continua e fica passeando, zanzando por lugares impressionantes em muitas dimensões e um dia com saudades do corpo dentro do qual foi esculpida, volta. Mas para reconhecer o velho casulo onde viveu, amou e aprendeu tanto, o corpo deve estar preparado! Nas urnas com aquela ortografia tão bonita está a história do moço! Onde nasceu; coisas que gostou. Atos, religião, função na sociedade, o nome do cachorrinho de estimação, o time... e tudo que é essencial. Daí ela, a alma aventureira, volta, olha e vê: “Ah, esse sou eu, pô!” A arte de embalsamar corpos para a volta da alma chegou a máximo no Egito. Demorava setenta dias na Casa da Morte. O único problema na CM é que era uma instituição do governo e gerida por sacerdotes! Imagine...

E todos os extintos levavam alguma coisa consigo... Os mais ricos o exuberante: jóias, carros, brinquedos e muitos e muitos dólares. Os pobres, para variar, muito menos... Davam graças a Amon por serem embalsamados (depois de pagar a vida inteira por isso) e levarem escondido um pequeno escaravelho para dar sorte e olha lá!

Havia cerveja na maioria dos túmulos e eles criam que a tomariam na Terra do Poente. Uma eternidade com uma cerveja que não faça mal, não dê porre e nem engorde! Indescritível...

Existe no Egito uma imensa pergunta: A ETERNIDADE! Ela não é questionada de um modo geral... a dúvida é se com tudo o que se pode fazer a gente salta para lá e vive no eterno. Os Egípcios não valorizam a morte e sim pensam na eternidade e RESSUREIÇÃO!

Uma gravura fantástica é a versão egípcia do Juízo Final de Michelangelo. Uma balança e num dos pratos coloca-se o coração da pessoa. No outro uma pena. Se o coração do cara estiver pesado de iras, remorsos, raivas, apunhalamento de amigos pelas costas, amor ao poder e outros, a pena sobe, o coração é devorado e a alma se perde no mundo da morte. Se o coração estiver leve e houver equilíbrio com a pena ele passa para a ressurreição junto com Osíris.

É... um coração leve é bom em qualquer cultura do mundo. E para a saúde também.

Grandes guerreiros estrangeiros passaram, lutaram viveram e alguns morreram no Egito.

A Babilônia invadiu o Egito. Mas foi vencida por Alexandre o Magno que foi lá e encarou os babilônios. Alexandre foi entronizado Faraó e virou um deus no Egito! Ele gostou muito e como já era o magno... imagine depois.

O Egito quase foi tomado pelos Hititas um povo feroz que tinha um só deus, “o” tempestade e achava que o sol era feminino... Você já pensou no sol sendo uma mulher? Não! Eles sim. Quem sabe se eram tão brabos assim por isso. Uma mulher pode ter o brilho do sol o que a deixa mais bonita... Mas nunca ser “o” sol. O que é isso meu Deus... Os hititas não estavam com nada. (1)O Egito foi salvo por Horemheb numa série de batalhas magníficas.

Muitos e muitos outros. Sem esquecer dos romanos no ocaso do Egito antigo.

Mais modernamente Napoleão discursou - tendo as pirâmides às suas costas - para suas tropas cansadas e loucas para voltar a França e comer baguetes com um bom vinho. Bom mesmo!

Alemães e ingleses mediram forças no Egito na Segunda Guerra e quase morreram e muitos morreram (também) do calor do deserto dentro dos tanques.

Quem serão os próximos?

E o Egito continua lindo e misterioso.

Nosso guia, um egípcio simpático que fala um portunhol quase perfeito foi ótimo. Ele passava a mão carinhosamente pelos desenhos, esculturas e hieróglifos e contava histórias e mais histórias! Nos chamava de “família”, pedia atenção e contava... contava. Quatro dias convivemos. Dei a ele um exemplar do AMOR MAIOR autografado e vamos ver se continuamos a viagem por e-mails agora que um pouco do Nilo está aqui.

Três dias navegamos pelo Nilo. Sublime. Lindos pores do sol e grandes papos na cobertura do barco sobre tudo e mais um pouco e a vida. Magia. Viajamos pelo Nilo de Assuan a Luxor. Luxor? Não, para mim é Tebas! Eterna Tebas. Passeamos pela Avenida dos Carneiros por onde Horemheb e Sinuhe o egípcio caminharam preocupados sobre onde tudo iria parar com a idéia maluca do Faraó Aknaton da existência de um só Deus e um mundo onde todos seriam iguais perante Ele... Que coisa!

Faltou um cafézinho na Avenida dos Carneiros, mas nada pode ser perfeito.

De Luxor fomos a Paris. Uma outra história.

P.S. (1)- Os hititas também tinham muito medo de olhar a lua! Ela só deveria ser contemplada de vez em quando por pessoas poderosas e de preferência não por muito tempo. Eles não eram românticos!

2 comentários:

  1. Me flagrei feliz com os comentários de uma amiga de longa data e sempre com um nível ótimo de carinho e personalidade com a marca de um dinamismo inteligente. Obrigado Regina.
    Gostei do blog, das suas palavras e de ver a minha crônica aqui! Afinal ela foi primeiro vivida e depois escrita!
    Um coisa boa, um privilégio estar aqui!
    Continue crescendo como pessoa e brilhando como a cristã que comunica bem com os amigos, você mesma... e com o mundo!
    Um grande abraço
    Mario

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  2. Olá Regina, gostei muito da crônica.
    Beijos.
    Maria,

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